AM: transferências de pacientes com Covid-19 em UTI aérea gera riscos

Manaus – A transferência de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) dentro de aviões, trata-se de uma operação extremamente complexa, que envolve uma rede de diversos profissionais, altamente especializados nesse tipo de atendimento. A médica Ana Galdina Mendes, infectologista,  alerta que o transporte aéreo não é a melhor decisão, pois pacientes com Covid-19 são instáveis. 

A profissional, que é infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM), explica que o transporte em UTI aérea é uma operação extremamente delicada e que envolve esforços entre profissionais da saúde e que atuam no serviço aéreo. 

“A gente tem que lembrar que pacientes com a Covid-19 são de um risco biológico muito alto e que toda a equipe precisar estar devidamente paramentada. Aquele ambiente da aeronave, após o transporte, precisa ter uma limpeza terminal muito correta e, de preferência, acompanhada por um infectologista ou um enfermeiro. O ambiente é altamente contaminante”, ressaltou. 

Perigo para todos

A médica infectologista alerta para os riscos
A médica infectologista alerta para os riscos | Foto: SECOM

Um fator a ser destacado em casos de pacientes transportados em UTI aérea é a diferença da ventilação feita em um hospital equipado e um hospital aéreo. A infectologista ressalta que questões físicas e atmosféricas podem interferir na recuperação do paciente. 

“A questão que entra aqui é a instabilidade e a ventilação desses pacientes. No céu existe uma pressurização diferente, a entubação fica diferente e, portanto, vai ser mais difícil realizar a ventilação desses pacientes. Vai precisar de mais esforço do ventilador para os pacientes com o pulmão comprometido. O que pode acontecer é que o paciente não receba a ventilação adequada com a pressão. Se eles tiverem qualquer instabilidade em terra, então também terão complicações no voo”, alertou Ana. 

Outro ponto destacado pela infectologista é o de profissionais, que não fazem parte da saúde, e têm acesso ao transporte desses pacientes. “Pilotos, copilotos e a equipe de voo estão expostos nesse tipo de transporte”, enfatizou.

Para que haja o transporte é preciso uma série de fatores a serem considerados, entre eles estão: o tipo da aeronave, uma empresa que atue com expertise em aviação executiva e uma equipe atualizada para a transferência de pacientes.

Casos no AM  

Os casos de pacientes que vieram do interior para Manaus são de mais de 50 pacientes, conforme informou a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam). Não houve, até então, a remoção de pacientes para outros estados.

O Governo do Amazonas reforçou o serviço de UTI aérea e dobrou a quantidade de aeronaves de três para seis, sendo que três delas são exclusivas para remoção de pacientes com Covid-19.

A Infraero esclarece que as operações de UTI aéreas se enquadram na categoria de aviação geral. A empresa informou ainda que a média da movimentação de aeronaves de aviação geral, no Aeroporto de Manaus, de 1º/4 a 7/5, foram de 22 pousos e decolagens por dia. 

O perigo é tanto para a equipe quanto para o paciente
O perigo é tanto para a equipe quanto para o paciente | Foto: reprodução

Nesse intervalo, a menor movimentação foi de 8 voos (registrada na primeira quinzena de abril). Já a maior ocorreu no final de abril, quando o aeroporto chegou a ter 45 chegadas e partidas. A Infraero também ressalta que esses números incluem aeronaves particulares, táxi aéreo e outros serviços, como UTI aérea. 

A Susam informou também que a solicitação de transferência para as unidades de saúde da capital é feita pelo município, por meio do Sistema de Transferências de Emergências Reguladas (SISTER) do órgão estadual de saúde. Em Manaus, um médico do Complexo Regulador do Estado avalia cada caso e autoriza a remoção a partir da disponibilidade de leitos.

UTI’s aéreas decolam do Aeroclube de Manaus, mas, segundo informou o superintendente do local, Hélio Aciole, a contagem de decolagem e aterrissagem são feitas apenas para efeito de movimentação, não o tipo de voo como as UTI’s aéreas, por isso não há, por parte da administração do aeroclube, o número de saída de aviões com transporte de pacientes para outros estados. 

Ana Galdina explica que o mais adequado é não transportar pacientes com o novo Coronavírus, mas que haja o suporte ventilatório essencial para todos os infectados no Amazonas. “O que acontece é que muitas vezes há o balanço do risco benefício. O que seria adequado, no interior do Estado, é que oferecessem esse suporte ventilatório sem precisar que o paciente seja deslocado. É arriscado para a equipe e para o paciente, e é uma situação insegura e instável”, finalizou. 

*Com informações da imprensa

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